Como lidar com as escolhas em meio às emoções da adolescência?

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Eles não são crianças, nem jovens; ora podem, ora não podem agir com autonomia… Há espaços em que podem atuar e outros em que não. Se não bastasse a indefinição de papéis e circunstâncias, os adolescentes são afetados pela questão hormonal, que promove mudanças rápidas e profundas no corpo e na mente, levando-os a muitas variações de comportamentos e sentimentos.

E se não bastassem os desafios naturais da idade, é nessa fase que entra uma das decisões mais relevantes do ser humano: a profissão a ser seguida, razão de tantos questionamentos! Qual curso fazer? Em que instituição devo me inscrever? Essa carreira tem futuro? Devo considerar o retorno financeiro? Devo buscar informações por conta própria ou ouvir meus pais? Nenhum curso me atrai, o que fazer? Como posso saber se estou fazendo a escolha certa?

Cássia Gimenes Barcaro, coordenadora do Ensino Médio do Colégio Maxi, lembra que é nesse momento que a escola, em parceria com a família, faz-se ainda mais presente na vida dos alunos, dando total apoio e orientação: “Nesse período, a tensão, a ansiedade e as incertezas tomam conta dos alunos. É comum a dúvida entre um ou mais cursos. Cada um responde de uma maneira diferente nesse momento de escolha. Por isso, ficamos atentos às mudanças de comportamento, dando atendimento individual e fazendo os encaminhamentos necessários. Ficamos à disposição dos alunos para analisar o desempenho de cada um, as condições reais de aprovação, a organização das atividades – aulas, estudos, material extra – e, acima de tudo, ajudando-os a administrar as emoções”, explica a coordenadora.

Cássia lembra ainda: “Estamos ao lado deles, dando atenção e trabalhando para amenizar as dúvidas e as oscilações de humor provocadas por essa fase. Oferecemos vários caminhos e apoio, incluindo atividades extras como o Maxi Oriente-se, em que convidamos profissionais do mercado para vir à escola, auxiliar os alunos a lidar com as dúvidas, dando informações que os ajudem na escolha profissional”.

GUILHERME DAVOLI: FALANDO DAS EMOÇÕES!

Para falar das emoções vividas pelos alunos, no período do vestibular, o Maxi entrevistou o conferencista Guilherme Davoli, psicoterapeuta, professor de Psicologia, autor de diversos livros, entre eles Admirando a tempestade e brincando com o vento e Vítimas e aprendizes da própria história.

MAXI IN ‒ Por que é tão complexo, para o jovem, escolher qual curso fazer?
Davoli – No fundo, no fundo, a gente não escolhe um curso, mas uma carreira, um estilo de vida. O curso ou a faculdade que vamos fazer é simplesmente uma ponte entre o momento que estamos vivendo, no Ensino Médio, e a profissão lá na frente.

MAXI IN ‒ Há chances de se errar nessa escolha, não é?
Davoli – Sim. E o grande erro é quando o aluno fala “eu gosto de Matemática, então eu vou fazer Engenharia porque nesse curso tem muita Matemática”. O problema é que o aluno, ao iniciar a profissão de engenheiro, vai se deparar com outras necessidades que vão além dos cálculos, como liderança, relacionamento, estudo de materiais, boa comunicação com a equipe e outras. Os cálculos mesmos acabam desenvolvidos por equipamentos tecnológicos.

MAXI IN ‒ O que fazer?
Davoli – Antes de fazer uma escolha, é preciso conhecer a rotina desse profissional e as exigências da área. É importante ter contato com o profissional e o ambiente de trabalho, vendo a rotina diária e o estilo de vida dele. O aluno deve se perguntar: “Como eu me sentiria trabalhando aqui, no lugar dessa pessoa, tendo essas atitudes, liderando esse grupo de colegas, sob esse tipo de pressão e de ambiente?” Lembre-se, a carreira é um estilo de vida.

MAXI IN ‒ As emoções aumentam nessa fase?
Davoli – Existem, todos sabem, as emoções do momento, inerentes a esse período de vestibular, em que há muitas cobranças por parte da família e do próprio estudante. Ele mesmo espera bons resultados e sabe que precisa fazer uma escolha acertada. Há a cobrança e a comparação – que é muito ruim, mas está presente – dos próprios colegas. E no meio dessa situação o estudante acaba se perdendo, pois a ansiedade e a obrigação de passar pressionam as escolhas. A busca pelo sucesso, nessa hora, acaba sendo o maior inimigo do jovem. Quando essa menina ou menino se sentem no dever de passar, por conta da idade, o nível de ansiedade aumenta, assim como as chances do fracasso. O estudante tem que observar suas emoções e pensar “Eu estou aqui para discernir gradativamente minha carreira e futuro. Que vida quero ter lá na frente?”.

MAXI IN ‒ Qual a melhor maneira de agir nessa fase de escolhas?
Davoli – Aqui é muito importante a família e a escola propiciarem um ambiente sem tensões, em que haja muito diálogo e debates. São conversas sem pressões nem falas do tipo “essa profissão dá mais dinheiro que a outra”. São diálogos que começam aos poucos, já no primeiro ano do Médio. Esse jovem precisa entender que escolherá e desenvolverá uma carreira a partir das características dele, do próprio autoconhecimento. Quando é um processo gradativo e tranquilo, as emoções são mais bem vivenciadas.

MAXI IN ‒ O que fazer na reta final, quando aflora a ansiedade?
Davoli ‒ O aluno que está no segundo semestre do terceiro ano, próximo do vestibular, precisa diluir a ansiedade. O melhor a fazer, além de ter um ritmo de estudos que lhe possibilite o descanso, é ter atividades que gerem prazer. E não existe atividade mágica. Enquanto alguns adoram os esportes ou ouvir música, outros aliviam essa ansiedade vendo um filme ou saindo com os amigos. Está até na moda, reunir os amigos para cozinhar. Mas é fundamental que entendam que a pressão do vestibular ou de outras avaliações não pode tirar a qualidade de vida. Daí a importância do equilíbrio entre os estudos e o descanso, o lazer e a convivência. Isso dará qualidade às suas emoções, favorecendo as escolhas e o próprio rendimento nos processos seletivos.

 

1 comentário

  1. A instabilidade emocional desencadeada pelos constantes anúncios de fracassos dos jovens, ou seja, sempre que os adultos reclamam com os jovens sobre seus modos de fazer as coisas, mas por meio de críticas severas em meio a rixas, ainda que apresente uma postura de indiferença, isso afecta o adolescente e o machuca. Tais coisas criam um peso esmagador no momento da decisão, especialmente quando o comentário negativo foi proferido por alguém admirado por eles. Algo que os pais devem perceber é que o adolescente é um adolescente, cheio de particularidades e que eles nunca agirão feito adultos e agarrar-lhes aos pés é só uma forma de aumentar os percalços que naturalmente já lhes cercam nesta fase. Embora com juízo, mas deve-se permitir que cada um viva sua fase de actual.

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